No início da década de 1980, a Bolívia começou a viver o período inflacionário mais grave de sua história e um dos mais significativos do mundo. Bilhetes de corte muito alto tiveram que ser emitidos para aliviar a situação.
Os curiosos CHEQUE GERENCIA são documentos de pagamento bancário que foram emitidos provisoriamente para cobrir a falta de moeda numa fase crítica da economia nacional entre 1982 e 1985, numa primeira instância, com condições de utilização restritas, e posteriormente com facilidades normais de curso.
O caos econômico em que vivia a Bolívia naquela época não tinha precedentes na história econômica do país. A necessidade de ter dinheiro nas ruas obrigou o Banco Central da Bolívia a emitir provisoriamente cheques bancários por decreto de 28 de julho de 1982. A emissão consistia em cheques no valor de 5.000 e 10.000 pesos bolivianos, os mesmos encontrados com e sem o canhoto anexado ao cheque e sem impressão no verso.
O canhoto traz a inscrição em vermelho "CHEQUE DO ADMINISTRADOR É OBRIGAÇÃO DO BANCO E SEU PAGAMENTO NÃO PODE SER SUSPENSO POR QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA. CASO SEJA TENTADA A INTERRUPÇÃO DO PAGAMENTO, SERÁ NECESSÁRIO COMPENSAÇÃO NO VALOR NOMINAL DESTE CHEQUE OU MAIS. FAÇA NÃO PERCA OU DESTRUA ESTE CHEQUE. MANUSEIE-O COMO SE VOCÊ ESTIVER MANUSEANDO UMA VALOR IGUAL EM DINHEIRO."
A necessidade de circulação de dinheiro continuou a crescer, inclusive o Banco Central da Bolívia emitiu uma segunda série de cheques administrativos de caráter estritamente provisório, nas cidades de Santa Cruz em 4 de junho de 1984 e La Paz em 18 de junho de 1984 nos valores de 50.000, 500.000 e 1 milhão de pesos bolivianos. Essas emissões são escassas hoje, pois circularam por menos de um mês nas diferentes cidades.
Em 5 de junho de 1984, foi promulgado o decreto nº 20272, que emitiu cheques administrativos impressos nos Estados Unidos pela Jeffries Banknote Company, datados de La Paz, em cortes de 10.000, 20.000 e 50.000 pesos bolivianos, restringindo sua utilização a 90 dias corridos a partir da data de sua emissão. O único elemento gráfico visível é o escudo do Banco Central da Bolívia que representa o deus grego Hermes. Pouco tempo depois saiu uma emissão semelhante, num corte de 10.000 e 20.000 Pesos Bolivianos, sem a restrição de 90 dias de uso.
No mesmo dia, com diferentes decretos, foram emitidos cheques no valor de 100.000 pesos bolivianos, emitidos em La Paz e impressos na Casa da Moeda do Brasil, com restrição de uso em noventa dias. Além disso, foi impresso o cheque administrativo de 500.000 pesos bolivianos, sem menção da cidade ou restrição de uso de noventa dias.
Esses cheques cumpriram sua função até que foi emitido o Decreto nº 20.732 de 8 de março de 1985, pelo qual foram emitidos cheques administrativos com valores de 1, 5 e 10 milhões de pesos bolivianos, os valores mais altos da história monetária boliviana.
São conhecidas duas impressões da nota de um milhão de pesos bolivianos. A primeira foi feita pela Casa da Moeda do Brasil, seguindo as mesmas características dos cheques anteriores, em azul e amarelo, da qual só se conhece a série A. A segunda impressão foi feita pela Casa da Moeda da Argentina. Basicamente, as cores do cheque anterior são mantidas, aumentando elementos de segurança como a marca d'água de várias cores e um papel de segurança usado para as cédulas argentinas de sua época.
Havia também, dois desenhos diferentes da nota de cinco milhões de pesos bolivianos, embora três impressões. A primeira corresponde à do impressor alemão Giesecke & Devrient em tons de laranja e marcas de água de várias cores, apenas na série A. A segunda impressão, série B, tem um desenho idêntico ao anterior um mas em papel de melhor qualidade, fabricado pela Casa da Moeda do Brasil. Esta última impressão distingue-se da anterior, não só pelo papel, mas também pela ausência da figura em "U" nela utilizada. Este último corresponde à Casa da Moeda Argentina que utilizou o mesmo desenho do cheque de um milhão, alterando a cor para tons de laranja e o valor nominal.
O cheque administrativo de 10 milhões de pesos bolivianos foi tratado de forma semelhante ao de 5 milhões, pois também foram feitas três impressões com dois desenhos diferentes. A série A foi impressa pela casa alemã Giesecke & Devrient em tons de azul e roxo e a figura de Hermes. A segunda gravura, com o mesmo desenho sem a figura em U, corresponde à Casa da Moeda do Brasil, utilizando papel de melhor qualidade que a anterior. A terceira e última impressão foi feita na Casa da Moeda da Argentina usando a série M.
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